sábado, 18 de dezembro de 2010

Encontre-me em Montauk



- É nossa casa, só por essa noite. Somos David e Ruth Laskin. Qual você quer ser?
- Não sei.
- Prefiro ser Ruth, mas sou flexível.
- O que você...?
- álcool.
- Minha nossa.
- Você gosta de vinho?
- Eu não sei...
- Você escolhe o vinho, vou procurar o quarto e vestir algo mais Ruth. Não estou nada Ruth agora.
- Eu tenho mesmo que ir. Tenho que alcançar minha carona.
- Então vá.
- Eu fui. Achei que talvez fosse maluca. Mas você era interessante.
- Queria que tivesse ficado.
- Eu também queria ter ficado. Agora eu queria ter ficado, queria ter feito um monte de coisas. Eu queria ter... Eu queria ter ficado. Queria sim.
- Eu desci e você tinha ido.
- Eu saí. Saí pela porta.
- Por quê?
- Não sei. Me senti um menino apavorado. Era mais forte que eu.
- Estava com medo?
- Estava. Pensei que soubesse que eu era assim. Corri de volta pra fogueira, tentando superar minha humilhação, eu acho.
- Foi alguma coisa que eu disse?
- Foi.
- Você disse: "Então vá", com tanto desdém, sabe?
- Me desculpe.
- Tudo bem.
- E se você ficasse dessa vez?
- Eu fui embora pela porta. Não sobrou nenhuma lembrança.
- Volte e faça uma despedida, pelo menos. Vamos fingir que tivemos uma. Tchau, Joel.
- Eu te amo.
- Encontre-me em Montauk.

Clementine & Joel, "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças" (2004).

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